Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato.
“É uma das formas de violência que mais cresce no mundo”, afirma Cléo Fante, educadora e autora do livro "Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz"
. Segundo a especialista, o bullying pode ocorrer em qualquer contexto social, como escolas, universidades, famílias, vizinhança e locais de trabalho. O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa. Além de um possível isolamento ou queda do rendimento escolar, crianças e adolescentes que passam por humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podem apresentar doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade. Em alguns casos extremos, o bullying chega a afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio.
Cyberbullying: a violência virtual
Na internet e no celular, mensagens com imagens e comentários depreciativos se alastram rapidamente e tornam o bullying ainda mais perverso. Como o espaço virtual é ilimitado, o poder de agressão se amplia e a vítima se sente acuada mesmo fora da escola. E o que é pior: muitas vezes, ela não sabe de quem se defender.
Todo mundo que convive com crianças e jovens sabe como eles são capazes de praticar pequenas e grandes perversões. Debocham uns dos outros, criam os apelidos mais estranhos, reparam nas mínimas "imperfeições" - e não perdoam nada. Na escola, isso é bastante comum. Implicância, discriminação e agressões verbais e físicas são muito mais frequentes do que o desejado. Esse comportamento não é novo, mas a maneira como pesquisadores, médicos e professores o encaram vem mudando. Há cerca de 15 anos, essas provocações passaram a ser vistas como uma forma de violência e ganharam nome: bullying (palavra do inglês que pode ser traduzida como "intimidar" ou "amedrontar"). Sua principal característica é que a agressão (física, moral ou material) é sempre intencional e repetida várias vezes sem uma motivação específica. Mais recentemente, a tecnologia deu nova cara ao problema. E-mails ameaçadores, mensagens negativas em sites de relacionamento e torpedos com fotos e textos constrangedores para a vítima foram batizados de cyberbullying. Aqui, no Brasil, vem aumentando rapidamente o número de casos de violência desse tipo.
Como lidar com brincadeiras que machucam a almaSabe aqueles apelidos e comentários maldosos que circulam entre os alunos? Consideradas "coisas de estudante", essas maneiras de ridicularizar os colegas podem deixar marcas dolorosas e por vezes trágicas. Veja como acabar com o problema na sua escola e, assim, tirar um peso das costas da garotada.
A criançada entra na sala eufórica. Você se acomoda na mesa enquanto espera que os alunos se sentem, retirem o material da mochila e se acalmem para a aula começar. Nesse meio tempo, um deles grita bem alto: "Ô, cabeção, passa o livro!" O outro responde: "Peraí, espinha". Em outro canto da sala, um garoto dá um tapinha, "de leve", na nuca do colega. A menina toda produzida logo pela manhã ouve o cumprimento: "Fala, metida!" Ao lado dela, bem quietinha, outra garota escuta lá do fundo da sala: "Abre a boca, zumbi!" E a classe cai na risada.
O ambiente parece normal para você? Então leia esta reportagem com atenção. O nome dado a essas brincadeiras de mau gosto, disfarçadas por um duvidoso senso de humor, é bullying. O termo ainda não tem uma denominação em português, mas é usado quando crianças e adolescentes recebem apelidos que os ridicularizam e sofrem humilhações, ameaças, intimidação, roubo e agressão moral e física por parte dos colegas. Entre as conseqüências estão o isolamento e a queda do rendimento escolar. Em alguns casos extremos, o bullying pode afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio.
Quem pratica e quem sofreNo filme norte-americano Bang Bang! Você Morreu, Trevor, o protagonista, é vítima de bullying. Para revidar, ameaça os que o perseguem com uma bomba de mentira. Diferentes dele são os que sofrem em silêncio e enfrentam com medo e vergonha o desafio de ir à escola. Em vez de reagir ou procurar ajuda, se isolam, ficam deprimidos, querem abandonar os estudos, não se acham bons para integrar o grupo, apresentam baixo rendimento e evitam falar sobre o problema.
"Quem mais sofre é quem menos fala. Esses passam despercebidos pelo professor", alerta a psicóloga Carolina Lisboa, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e do Centro Universitário Feevale (RS). "Tinha vontade de ficar sozinha. Não queria ser notada", diz Vanessa Brandão Greco, da 7ª série da Escola Municipal de Ensino Fundamental Thomas Mann, no Rio de Janeiro. Ela recebia apelidos humilhantes por causa dos cabelos crespos.
Mesmo quem adere à brincadeira se sente diminuído pelos comentários dos colegas. Mas, para se defender, entra no jogo — o que dá uma falsa impressão de que não se ressente. "Eu ridicularizava os outros porque, se não fizesse isso, o alvo seria eu", conta Leandro Souza Gomes Santos, da 8ª série.
Vanessa e Leandro tiveram mais sorte que Trevor, o personagem do filme, já que a escola deles se engajou há dois anos no programa de combate ao bullying promovido pela Abrapia. "Nós não toleramos isso porque todos sentiram na pele como é melhor estar em um ambiente de respeito", afirma a diretora Maria das Graças Caldas Freire. É verdade. Pelos corredores, a garotada toda sabe, na ponta da língua, o que é bullying e por que evitá-lo. Nas áreas em que o professor não está presente, há alunos voluntários. Eles observam a movimentação e quando identificam o problema dialogam com o colega. "Pergunto: e se fosse com você?", explica Karol de Castro Façanha, da 7ª série, um dos 30 voluntários da escola.
Como inibir o bullying
- Para um ambiente saudável na escola, é fundamental:
- Esclarecer o que é bullying.
-Avisar que a prática não é tolerada.
- Conversar com os alunos e escutar atentamente reclamações ou sugestões.
- Estimular os estudantes a informar os casos.
- Reconhecer e valorizar as atitudes da garotada no combate ao problema.
- Identificar possíveis agressores e vítimas.
-Acompanhar o desenvolvimento de cada um.
- Criar com os estudantes regras de disciplina para a classe em coerência com o regimento escolar.
- Estimular lideranças positivas entre os alunos, prevenindo futuros casos.
- Interferir diretamente nos grupos, o quanto antes, para quebrar a dinâmica de bullying.
- Prestar atenção nos mais tímidos e calados. Geralmente as vítimas se retraem.
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